quarta-feira, 5 de novembro de 2008

CAPITU

Parecia uma menina alta que fazia graça ao andar, perdia-se observando paisagens de outro lugar. Seu vestido era de seda japonesa disseram, mas não conseguia enxergar o valor disso, ainda mais porque o vestido parecia dar bolinhas, mesmo sendo a primeira vez que o usava.

A leveza da seda não permitia que marcasse suas curvas, os cabelos pretos, enrolados na altura dos ombros eram adornados com um lenço de cores que conversava com sua bolsa rosa. Seus gestos eram suaves e sem pressa... Purgava alguma magia, suas unhas eram vermelhas! Porém, não usava saltos altos... A verdade é que já tinha uma altura que se fazia ver! Mesmo assim não gostava dos saltos.

Não deixei de observar a menina que cruzava e descruzava as pernas ao ouvir falar de Bentinho. Ele não estava ali, pelo menos não a sua pessoa. Ela o buscava em cada palavra e seu olhar infantil chamava atenção para seus seios que ressaltavam de maneira singular nos detalhes de renda do decote discreto.

Sua postura naquela sala vazia era elegante. Cheguei mais perto e ao ver suas unhas que estavam por fazer senti algo de mulher na menina. Fiquei confuso. Notei todos que estavam na sala de repente também a observavam, desviavam os olhares atraídos por algo que não encontro a palavra. A aparente inocência e tranqüilidade assustava.

Mas ela não percebia. Não tinha energia para conversas banais. Dava algo do seu tempo para falar de política, organizações coletivas e dos assuntos da ementa. No mais, quando sentia que a conversa começava a invadir sua alma, não permitia. Um passo e mergulhava mais uma vez nos lugares distantes. Era do mês doze, imagina... Sei que posso penetrar a alma de Bentinho.

Seu brilho era de estrela, por isso as pessoas a olhavam, assim, como de passagem, deixava saber que estava ali. Seu brilho não ofuscava como o sol, apenas seduzia com sua desatenção. Foi então, que ao começar a segunda fala sentiu que tinha que deixar Bentinho para trás. Já passava das 12h30min e a esperavam no hall da entrada para mais um seminário sobre fazer políticas para o que já é. Levantou... Onde a mulher escondia-se apareceu a repulsa.

Um comentário:

AFRÂNIOAFRA AMOR, POESIAS E SEUS CONTOS PINTO disse...

JÚLIA... É MINHA SOBRINHA... FILHA DA MINHA ÚNICA IRMÃ.
EM PLENA METAMORFOSE DA BELEZA NOS GESTOS GENTIS... NAS PALAVRAS E NA ESCRITA.
GENTILIZA GERA GENTILEZA!
BJS. TIAO AFRANIO
NITERÓI - RJ